give me a thousand reasons to cry
and I'll cry as much as cry for one
give me just one reason to lie
and I'll lie as much as I have a thousand
what will I lie about?
what will I cry about?
it's the same thing, it's the same thing
I'll cry cause I don't wanna lie
I'll lie to pretend I don't cry
it's the same thing, it's the same thing
it's me crying and trying to smile
it's me lying about the reasons I can't
it's me living in the fight of feelings
I can't tell anyone, I can't even forget
it's the same thing, it's the same damn thing
sábado, 21 de dezembro de 2013
terça-feira, 22 de outubro de 2013
O garoto
Ninguém sabia o que se passava pela cabeça dele, nem a mãe que fazia o seu leite todas as noites antes de dormir, nem o pai que abraçava todo final de tarde depois do trabalho. E enquanto o pai saía para trabalhar e a mãe se ocupava na cozinha, o garotinho corria pela casa em busca de uma nova aventura e ninguém imaginava o que se passava em sua mente, sem saber que enquanto ele corria, estava livre em seu próprio mundo, cercado pela magia de seus seis anos de idade.
No domingo, a rotina muda, o domingo é o dia preferido do menino, a mãe faz o almoço mais gostoso, o pai lê jornal sentado na cadeira da sala, as tias vem visitar com doces e beijos estalados, e no meio de toda aquela doce rotina de um domingo em família, cada um deles dispensa um pouco de carinho ao garoto, seja afagando seus cabelos negros, seja com beijinhos na testa.
O coro de "como ele cresceu" é um sinal, o pai levanta o jornal para que fique como uma barreira entre ele e o que as mulheres vão conversar a partir daquele momento, a mãe sorri se aproximando das irmãs e cunhadas, enquanto o garoto sai despercebido sabendo que a partir daquele momento, ele vai ser o tema discutido. Como ele é distraído, como ele está sempre inquieto, como ele parece sempre perdido no meio da lua, como seus olhos estão sempre olhando para lugar nenhum, é o que falam quase sempre enquanto o garoto foge dali sorrindo, apenas o pai nota sua ausência e dá um rápido sorriso já sabendo para onde o filho vai.
Na sala, a família volta a conversar sobre o que se passa na cabeça do garotinho, enquanto não muito longe dali, ele pega uma velha toalha e amarra no pescoço, seus olhos distraídos focalizam o horizonte cheio de surpresas que o aguardam e o menino voa em direção ao sol poente. Não há paredes, não há limites, apenas um super heróis e sua capa.
No domingo, a rotina muda, o domingo é o dia preferido do menino, a mãe faz o almoço mais gostoso, o pai lê jornal sentado na cadeira da sala, as tias vem visitar com doces e beijos estalados, e no meio de toda aquela doce rotina de um domingo em família, cada um deles dispensa um pouco de carinho ao garoto, seja afagando seus cabelos negros, seja com beijinhos na testa.
O coro de "como ele cresceu" é um sinal, o pai levanta o jornal para que fique como uma barreira entre ele e o que as mulheres vão conversar a partir daquele momento, a mãe sorri se aproximando das irmãs e cunhadas, enquanto o garoto sai despercebido sabendo que a partir daquele momento, ele vai ser o tema discutido. Como ele é distraído, como ele está sempre inquieto, como ele parece sempre perdido no meio da lua, como seus olhos estão sempre olhando para lugar nenhum, é o que falam quase sempre enquanto o garoto foge dali sorrindo, apenas o pai nota sua ausência e dá um rápido sorriso já sabendo para onde o filho vai.
Na sala, a família volta a conversar sobre o que se passa na cabeça do garotinho, enquanto não muito longe dali, ele pega uma velha toalha e amarra no pescoço, seus olhos distraídos focalizam o horizonte cheio de surpresas que o aguardam e o menino voa em direção ao sol poente. Não há paredes, não há limites, apenas um super heróis e sua capa.
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Menina no espelho
Mentiras, verdades, lembranças que vejo
memórias e lágrimas que se cruzam enfim
dúvidas incertas da menina no espelho
medos que me fecham em mim
e eu lembro de momentos em que fui mais feliz
ou talvez não tenha sido mesmo assim
pra onde olho, o que faço, o que o coração diz
que eu estava sonhando e o sonho chegou ao fim
eu te assisto chorar se encolhendo de medo
do que a vida reserva e do futuro em segredo
eu não consigo olhar para teus olhos vermelhos
porque a criança assustada é meu reflexo no espelho
não chora menina que o dia já vai amanhecer
o sol vai secar as lágrimas que insistem em descer
deixa os demônios fugirem madrugada adentro
você vai ficar melhor, eu prometo
teu sofrimento é nosso e eu levo comigo
teu coração perturbado é meu melhor amigo
acalmo a tempestade e te faço dormir
guardo a criança que fui dentro de mim
te olhar nos olhos me dá forças pra seguir
seguir em frente e nos proteger
te orgulhar de mim, esquecer o que restou
nós somos o mesmo, eu te tenho, eu te sou
teus olhos ingênuos me encaram, vermelhos
a criança que eu era me assiste do espelho
mas deixo os demônios fugirem madrugada adentro
eu vou ficar melhor, eu prometo
memórias e lágrimas que se cruzam enfim
dúvidas incertas da menina no espelho
medos que me fecham em mim
e eu lembro de momentos em que fui mais feliz
ou talvez não tenha sido mesmo assim
pra onde olho, o que faço, o que o coração diz
que eu estava sonhando e o sonho chegou ao fim
eu te assisto chorar se encolhendo de medo
do que a vida reserva e do futuro em segredo
eu não consigo olhar para teus olhos vermelhos
porque a criança assustada é meu reflexo no espelho
não chora menina que o dia já vai amanhecer
o sol vai secar as lágrimas que insistem em descer
deixa os demônios fugirem madrugada adentro
você vai ficar melhor, eu prometo
teu sofrimento é nosso e eu levo comigo
teu coração perturbado é meu melhor amigo
acalmo a tempestade e te faço dormir
guardo a criança que fui dentro de mim
te olhar nos olhos me dá forças pra seguir
seguir em frente e nos proteger
te orgulhar de mim, esquecer o que restou
nós somos o mesmo, eu te tenho, eu te sou
teus olhos ingênuos me encaram, vermelhos
a criança que eu era me assiste do espelho
mas deixo os demônios fugirem madrugada adentro
eu vou ficar melhor, eu prometo
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Eu guardei aquele filme
Eu vi uma luz pela janela
Era o dia que nascia
Mais uma semana sem você
Um mês a mais, só outro dia
E o sol batendo no meu rosto
Lembrou-me o que você fazia
Os óculos escuros que usava
E sua mão segurando a minha
Foi muito ou pouco, só eu imaginei?
O que teria sido se eu tivesse sido mais forte
E até hoje não sei se foi certo
Que eu tenha ido embora sem olhar pra trás
Jogando fora promessas bobas
feitas com palavras que me marcaram demais
Jogando fora promessas bobas
feitas com palavras que me marcaram demais
E eu guardei aquele filme
Que saiu do cinema há mais de um mês
Todos me contaram o final
Mas eu só queria assistir com você
E olhando para as estrelas
Talvez eu sinta um pouco de saudade
Das nossas conversas no telefone
De todas as declarações até tarde
De sentir o que eu sentia
Mesmo que fosse algo só meu
Porque agora estou vazia
Mais ainda dói como doía
Então você volta de repente
E eu sinto que ainda estou sonhando
Mas eu jurava que tinha te esquecido
Então talvez seja um pesadelo
E você diz que é minha culpa
Mas jura que não está com raiva
E me pergunta o que tenho feito
E me pergunta onde eu estava
Nunca mais a gente conversou
Eu nunca mais te ouvi falar
Então revivo cada conversa
Tentando ver o que eu deixei passar
Eu pensava que estava acabado
E que era página virada
Eu não planejei te tratar mal
Acho que nenhum de nós planejava
Você pergunta o que aconteceu
E eu não quero perguntas difíceis
Eu quero respostas que eu não tenho
Eu quero o antidoto para os dias tristes
Você pergunta os meus motivos
E eu digo “seja criativo”
Você puxa uma conversa
E eu pergunto o que quer comigo
Você diz que eu que fui embora
E que os motivos não bastavam
Que eu saí daquela forma
Sem nem mesmo um abraço
Voltando ao começo
nada nunca foi prometido
E se foi, eu já nem lembro
E se eu lembro, então eu minto
Eu lembro disso todo dia
A cada sol que vejo nascer
Eu acho que a gente devia conversar
Ou eu devia conversar com você
Você jura que não está com raiva
Está tranquilo, eu sei
Eu não estou com raiva, só estou triste
Você ficaria se eu pedisse?
Porque eu guardei aquele filme
Que saiu do cinema há mais de um mês
Todos me contaram o final
Mas eu só quero assistir com você
E olhando para as estrelas
Talvez eu sinta um pouco de saudade
Das nossas conversas no telefone
De todas as declarações até tarde
De sentir o que eu sentia
Mesmo que fosse algo só meu
Porque agora estou vazia
Mais ainda dói como doía
Talvez eu não sinta mais nada
E eu tento não olhar pra trás
Porque agora já é tarde
E antes era cedo demais
(isso eu escrevi pra ser a letra de uma música que talvez eu nunca ajeite de verdade, mas tem refrão e tudo no meu original ^^)
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Você sabe
Devia ser umas nove horas da noite, eu era mais uma entre tantas outras pessoas cansadas naquele terminal de ônibus, desejando chegar em casa o mais rápido possível depois de um dia cheio de trabalho, estudo ou os dois e eu estava com raiva, muita raiva de... bem, eu já nem lembro de quê. Eu não saberia dizer o quê exatamente fez com que eu olhasse para aquele garoto, talvez fosse o local, o horário, talvez fosse o tamanhinho dele. O garotinho era só mais um menino no meio daquelas crianças que pulavam a hora da escola, da brincadeira e adiavam a hora de dormir, soltas no meio da multidão, presas dentro de uma dura realidade que as colocava ali no meio de um dos tantos terminais de ônibus de Fortaleza.
Naquele momento, eu esqueci do ônibus que estava esperando, esqueci a raiva e a única coisa que passava pela minha cabeça era o que aquele garoto estava fazendo ali. Na verdade era óbvio, ele estava trabalhando. Assim como outras crianças, eles discursava um texto ensaiado que quase sempre começava como "eu tô aqui aqui realizando o meu trabalho...". Talvez isso tenha aprendido minha atenção, a alguns metros de onde eu estava, um garoto de uns sete anos de idade estava realizando seu trabalho, que consistia em vender caixinhas com bombons de banana e morango.
Então alguém do meu lado chamou "garoto" e em seguida, o menino estava vindo em direção a onde eu estava. No seu rosto, um olhar curioso, assustado, como de um animal acostumado e levar chute, fiquei pensando o quanto do monstro existente no ser humano aquele garoto já havia conhecido com tão pouca idade.
_ Ei, qual seu nome? _ eu perguntei quando ele terminou de "atender" a mulher do meu lado.
_ Ué, você sabe _ ele respondeu.
_ Como eu posso já saber seu nome?
Eu ri e ele pegou uma das caixinhas de bombom para me mostrar, sem levantar a cabeça, sempre olhando pra baixo, sempre assustado.
_ Quanto é? _ eu quis saber.
_ Um real.
Eu tirei as moedas do bolso e coloquei na mãozinha dele, ele olhava e virava as moedas, conferindo talvez. Então me ocorreu a pergunta:
_ Você sabe contar?
_ Não.
_ Então como você sabe que não estão te dando o dinheiro errado?
Ele olhou pra mim dessa vez e deu de ombros, como se aquela ideia nunca tivesse passado pela sua cabeça. Mesmo assim, ele se afastou sem dizer nada e foi entregar o dinheiro para alguém que eu não consegui ver, depois voltou para onde eu estava e me entregou uma das caixinhas, a que tinhas os bombons de banana.
_ Eu quero as de morango, carinha _ falei.
_ Você não gosta de doce? _ perguntou.
_ Eu gosto, morango é doce.
Ele não disse nada e me entregou a caixinha com os bombons de morango, ele olhava pra mim e a até sorria, mas sempre distante e assustado, uma postura que parecia impregnada em quem ele era, pelo menos ali. Tanto que se não fosse seu tamanho ou seu olhar, quem poderia dizer realmente que ele era uma criança?
_ Qual o seu nome? - tentei de novo.
_ Você sabe ué.
_ Sei não.
_ É Derlan.
Depois de dizer o nome, ele voltou a baixar a cabeça e olhar apenas para as caixinhas que carregava, mas então ele fez um "psiu" baixinho pra mim e fez um gesto pedindo que eu abaixasse a cabeça, o que eu fiz.
_ Ei, me dá três dessas balas? _ ele cochichou.
Eu sorri e entreguei a caixinha para que ele mesmo tirasse as que queria.
Eu queria fazer muitas perguntas ao pequeno Derlan, queria dizer muitas coisas, mesmo sem saber exatamente o quê. Eu olhei para o seu cabelo claro e imaginei os fios brilhando com a luz do sol enquanto ele corria atrás de uma bola remendada no meio de um campo de terra batida. Eu queria perguntar se ele jogava bola, queria perguntar sua idade, queria dizer muitas coisas que eu nem sabia o que era, queria ouvir o que ele tinha pra falar, mas não pude. O meu ônibus chegou e Derlan me devolveu meus bombons, a mulher do meu lado (a que chamou ele) comentou que ele havia pego bem mais que três balas e eu quis responder que não era sua culpa, ele não sabia contar.
O garoto já havia se afastado, estava falando para outro cliente que ele, Derlan, quase havia sido atropelado por um ônibus ainda naquela mesma noite. Eu já estava entrando no ônibus, então voltei e chamei o garoto que ainda hesitou um pouco antes de se aproximar novamente. Eu peguei minha caixinha de bombons e coloquei na mão dele.
_ Fica pra você _ falei.
_ Pra mim? _ ele perguntou baixinho, uma certa incredulidade na voz, enquanto eu me afastava em direção ao ônibus.
Eu fui embora tentando imaginar se eu já havia visto aquele garoto antes, ou se veria de novo. Eram sempre tantas crianças naqueles terminais, tantos Derlans, tantas Claras, tantos Lucas, tantas histórias e nomes. O que tinha aquele garoto magrinho que me fez olhar pra ele esquecer toda a raiva boba que eu vinha sentindo o dia inteiro?
Na saída do terminal, eu olhei pela janela e avistei outras crianças trabalhando, eu quase podia ouvir suas vozes enquanto falavam o mesmo discurso que eu ouvi Derlan fazendo poucos minutos antes. Só então eu percebi a verdade por trás das poucas palavras daquele garoto. A verdade é que ele era como as outras crianças que estavam ali, umas de cabelo claro, outras de cabelo escuro, brancas, morenas, mais altas, mais baixinhas. Sim, todas com sua própria história, mas no final eram todas crianças que passam pelo dia invisíveis diante dos "adultos ocupados", crianças com suas necessidades ignoradas e seus direitos violados, crianças que deveriam estar brincando, mas estão em algum lugar realizando seu trabalho. Eu poderia ter falado com qualquer uma delas, mas falei com o pequeno Derlan. Eu não sabia o nome de nenhuma outra criança ali, assim como antes não sabia o dele. Eu perguntei o nome dele na tentativa de saber quem ele era e ele era todas as outras crianças ali e todas as outras crianças eram ele. Na minha cabeça veio a memória da sua vozinha falando "você sabe ué". Ele estava certo, eu sabia, todos sabemos.
(Para o garotinho que eu encontrei há alguns dias e que não saiu da minha cabeça enquanto eu não sentei pra escrever o que se passou)
Naquele momento, eu esqueci do ônibus que estava esperando, esqueci a raiva e a única coisa que passava pela minha cabeça era o que aquele garoto estava fazendo ali. Na verdade era óbvio, ele estava trabalhando. Assim como outras crianças, eles discursava um texto ensaiado que quase sempre começava como "eu tô aqui aqui realizando o meu trabalho...". Talvez isso tenha aprendido minha atenção, a alguns metros de onde eu estava, um garoto de uns sete anos de idade estava realizando seu trabalho, que consistia em vender caixinhas com bombons de banana e morango.
Então alguém do meu lado chamou "garoto" e em seguida, o menino estava vindo em direção a onde eu estava. No seu rosto, um olhar curioso, assustado, como de um animal acostumado e levar chute, fiquei pensando o quanto do monstro existente no ser humano aquele garoto já havia conhecido com tão pouca idade.
_ Ei, qual seu nome? _ eu perguntei quando ele terminou de "atender" a mulher do meu lado.
_ Ué, você sabe _ ele respondeu.
_ Como eu posso já saber seu nome?
Eu ri e ele pegou uma das caixinhas de bombom para me mostrar, sem levantar a cabeça, sempre olhando pra baixo, sempre assustado.
_ Quanto é? _ eu quis saber.
_ Um real.
Eu tirei as moedas do bolso e coloquei na mãozinha dele, ele olhava e virava as moedas, conferindo talvez. Então me ocorreu a pergunta:
_ Você sabe contar?
_ Não.
_ Então como você sabe que não estão te dando o dinheiro errado?
Ele olhou pra mim dessa vez e deu de ombros, como se aquela ideia nunca tivesse passado pela sua cabeça. Mesmo assim, ele se afastou sem dizer nada e foi entregar o dinheiro para alguém que eu não consegui ver, depois voltou para onde eu estava e me entregou uma das caixinhas, a que tinhas os bombons de banana.
_ Eu quero as de morango, carinha _ falei.
_ Você não gosta de doce? _ perguntou.
_ Eu gosto, morango é doce.
Ele não disse nada e me entregou a caixinha com os bombons de morango, ele olhava pra mim e a até sorria, mas sempre distante e assustado, uma postura que parecia impregnada em quem ele era, pelo menos ali. Tanto que se não fosse seu tamanho ou seu olhar, quem poderia dizer realmente que ele era uma criança?
_ Qual o seu nome? - tentei de novo.
_ Você sabe ué.
_ Sei não.
_ É Derlan.
Depois de dizer o nome, ele voltou a baixar a cabeça e olhar apenas para as caixinhas que carregava, mas então ele fez um "psiu" baixinho pra mim e fez um gesto pedindo que eu abaixasse a cabeça, o que eu fiz.
_ Ei, me dá três dessas balas? _ ele cochichou.
Eu sorri e entreguei a caixinha para que ele mesmo tirasse as que queria.
Eu queria fazer muitas perguntas ao pequeno Derlan, queria dizer muitas coisas, mesmo sem saber exatamente o quê. Eu olhei para o seu cabelo claro e imaginei os fios brilhando com a luz do sol enquanto ele corria atrás de uma bola remendada no meio de um campo de terra batida. Eu queria perguntar se ele jogava bola, queria perguntar sua idade, queria dizer muitas coisas que eu nem sabia o que era, queria ouvir o que ele tinha pra falar, mas não pude. O meu ônibus chegou e Derlan me devolveu meus bombons, a mulher do meu lado (a que chamou ele) comentou que ele havia pego bem mais que três balas e eu quis responder que não era sua culpa, ele não sabia contar.
O garoto já havia se afastado, estava falando para outro cliente que ele, Derlan, quase havia sido atropelado por um ônibus ainda naquela mesma noite. Eu já estava entrando no ônibus, então voltei e chamei o garoto que ainda hesitou um pouco antes de se aproximar novamente. Eu peguei minha caixinha de bombons e coloquei na mão dele.
_ Fica pra você _ falei.
_ Pra mim? _ ele perguntou baixinho, uma certa incredulidade na voz, enquanto eu me afastava em direção ao ônibus.
Eu fui embora tentando imaginar se eu já havia visto aquele garoto antes, ou se veria de novo. Eram sempre tantas crianças naqueles terminais, tantos Derlans, tantas Claras, tantos Lucas, tantas histórias e nomes. O que tinha aquele garoto magrinho que me fez olhar pra ele esquecer toda a raiva boba que eu vinha sentindo o dia inteiro?
Na saída do terminal, eu olhei pela janela e avistei outras crianças trabalhando, eu quase podia ouvir suas vozes enquanto falavam o mesmo discurso que eu ouvi Derlan fazendo poucos minutos antes. Só então eu percebi a verdade por trás das poucas palavras daquele garoto. A verdade é que ele era como as outras crianças que estavam ali, umas de cabelo claro, outras de cabelo escuro, brancas, morenas, mais altas, mais baixinhas. Sim, todas com sua própria história, mas no final eram todas crianças que passam pelo dia invisíveis diante dos "adultos ocupados", crianças com suas necessidades ignoradas e seus direitos violados, crianças que deveriam estar brincando, mas estão em algum lugar realizando seu trabalho. Eu poderia ter falado com qualquer uma delas, mas falei com o pequeno Derlan. Eu não sabia o nome de nenhuma outra criança ali, assim como antes não sabia o dele. Eu perguntei o nome dele na tentativa de saber quem ele era e ele era todas as outras crianças ali e todas as outras crianças eram ele. Na minha cabeça veio a memória da sua vozinha falando "você sabe ué". Ele estava certo, eu sabia, todos sabemos.
(Para o garotinho que eu encontrei há alguns dias e que não saiu da minha cabeça enquanto eu não sentei pra escrever o que se passou)
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
A menininha
Hoje eu estava esperando meu ônibus quando vi uma garotinha que estava sentada num banco com a mãe dele assim bem perto de onde eu estava. A menina parecia ter uns seis anos, estava toda arrumadinha de vestido rodado, sapatilha rosa e lacinho no cabelo cacheado, linda. Então ela começou a olhar pra mim, ela olhava e baixava a cabeça com vergonha, andava um pouquinho na minha direção e depois voltava pra onde estava, pra perto da mãe. Ela sentou no banco e voltou a olhar pra mim, a essa altura eu já estava me perguntando o que tinha de errado comigo, ou se eu havia esquecido alguma coisa (tipo a blusa) na faculdade, mas a garotinha estava rindo e eu resolvi sorrir pra ela. Era tudo que ela precisava, como se meu sorriso, tão tímido quanto o dela, fosse uma permissão para que ela se aproximasse. E ela se aproximou, devagarzinho, olhando pra mim e vendo se eu continuava sorrindo, eu continuei e então ela perguntou:
_ Essa blusa é do Chaves?
Deu uma vontade de rir! Eu só consegui dizer "é sim" e o sorriso dela aumentou de uma forma que até eu fiquei feliz com o sorriso de uma criança que eu nunca havia visto antes.
Depois, ela correu de volta para o banco onde a mãe dela estava e eu já estava de costas quando ouvi ela dizer pra mãe: "mamãe, mamãe, ela tem a blusa do Chaves". Nem quis dizer que na verdade a minha blusa era do Chapolim, acho que a mãe dela falou, mas quando eu olhei pra trás, a menininha ainda estava olhando pra mim e rindo.
Só depois que eu entrei no ônibus lotado foi que eu pensei que queria ter perguntando o nome dela, eu sou uma dessas pessoas que acha que as crianças agora assistem mais novela que desenho (e cada vez mais cedo), mas eu acho que aquela menina assiste Chaves, ou pelo menos conhece. Só sei que isso me deu uma alegria danada, mesmo sem fazer sentido nenhum, eu fiquei pensando na carinha dela e como ela parecia encantada, da mesma forma que eu fiquei em trocar algumas poucas palavras com ela. Talvez eu nunca mais a veja, mas por enquanto eu lembro da carinha de feliz dela, ela encontrou alguém com a blusa do Chaves e eu encontrei alguém que ainda assiste Chaves, parece algo tão pequeno, mas acho que alegria tem alguma coisa a ver com isso.
_ Essa blusa é do Chaves?
Deu uma vontade de rir! Eu só consegui dizer "é sim" e o sorriso dela aumentou de uma forma que até eu fiquei feliz com o sorriso de uma criança que eu nunca havia visto antes.
Depois, ela correu de volta para o banco onde a mãe dela estava e eu já estava de costas quando ouvi ela dizer pra mãe: "mamãe, mamãe, ela tem a blusa do Chaves". Nem quis dizer que na verdade a minha blusa era do Chapolim, acho que a mãe dela falou, mas quando eu olhei pra trás, a menininha ainda estava olhando pra mim e rindo.
Só depois que eu entrei no ônibus lotado foi que eu pensei que queria ter perguntando o nome dela, eu sou uma dessas pessoas que acha que as crianças agora assistem mais novela que desenho (e cada vez mais cedo), mas eu acho que aquela menina assiste Chaves, ou pelo menos conhece. Só sei que isso me deu uma alegria danada, mesmo sem fazer sentido nenhum, eu fiquei pensando na carinha dela e como ela parecia encantada, da mesma forma que eu fiquei em trocar algumas poucas palavras com ela. Talvez eu nunca mais a veja, mas por enquanto eu lembro da carinha de feliz dela, ela encontrou alguém com a blusa do Chaves e eu encontrei alguém que ainda assiste Chaves, parece algo tão pequeno, mas acho que alegria tem alguma coisa a ver com isso.
terça-feira, 4 de junho de 2013
Finjo
Eu finjo que não conheço os seus segredos
porque no fundo eu tenho medo de encarar
e continuo te aceitando de todo jeito
tuas qualidades e teus defeitos
pra fazer isso durar
pra acreditar, eu finjo que te conheço
e sem vergonha eu finjo mesmo
que o meu coração é mesmo seu
pra não chorar, eu finjo que te esqueço
mas continuo fingindo que você é meu.
porque no fundo eu tenho medo de encarar
e continuo te aceitando de todo jeito
tuas qualidades e teus defeitos
pra fazer isso durar
pra acreditar, eu finjo que te conheço
e sem vergonha eu finjo mesmo
que o meu coração é mesmo seu
pra não chorar, eu finjo que te esqueço
mas continuo fingindo que você é meu.
segunda-feira, 3 de junho de 2013
Dia lindo
Acho que as pessoas deveriam nascer programadas para uma coisa em especial: saber quando o dia vai ser tão ruim que ela não deveria nem sair da cama. Sendo honesta, uma segunda-feira que começa às 5:30 da manhã não poderia realmente ser maravilhosa, poderia? Talvez sim, mas esse não é o caso. Até porque um dia que corre bem é tão bom para quem o vive que não sobra tempo para escrever sobre ele, pelo menos eu acho.
A segunda começou de manhãzinha, logo após uma noite mal dormida, um sol nada tímido nascendo e esquentando o dia na mesma velocidade. Seis da manhã e alguém desavisado poderia pensar que já passava do meio dia, tão impiedoso o sol estava e não, eu não estou exagerando. Até aí tudo bem, um sol quente pela manhã não é tão estressante e nem anormal e, embora incomodo, é meio que a história da minha vida, pois se "o sol é para todos", o sol mais quente é para os nordestinos.
Mas se o sol já não me incomodava tanto, o começo do mês completou o trabalho. Tá, sendo justa novamente não era bem o começo do mês que era culpado, mas sim o que vem junto com ele: dinheiro grande, que é como eu chamo dinheiro não trocado, mais importante, dinheiro que precisa de troco, muito troco quando o que você pretende fazer com ele é pagar a passagem do ônibus, incompetência minha não ter resolvido isso antes, mas o fato é que dinheiro grande não é legal e o cobrador do ônibus que eu peguei de manhã concorda comigo plenamente. Deve ter sido por isso que ele me deu o maior sermão (ou vai ver ele não gostou de mim mesmo, nenhuma alternativa me surpreenderia). Sabe o que me surpreende na verdade? Estranhos me encarando, cara eu não gosto mesmo disso. O pessoal do ônibus ficou me olhando, talvez eles estivessem do lado do cobrador e enquanto isso, o cobrador continuava seu inspirado sermão sobre troco máximo. Isso se me surpreende (e assusta também), continuou quase até eu chegar (finalmente!) no meu ponto na treze de maio e descer pela saída sem pagar, as mãos suadas e a voz antipática do cobrador ecoando na minha cabeça enquanto o ônibus se afastava.
Talvez isso não fosse o suficiente para ter uma manhã chata, talvez a economia de dinheiro (de uma passagem) compensasse a antipatia do cobrador e eu nem pensasse mais nisso, talvez eu pudesse sentar em algum banco da faculdade e continuar meu dia com toda serenidade possível. Claro, se esquecer o detalhe de que eu não esqueço desse tipo de coisa tão facilmente, mas se isso não fosse suficiente, o café foi chato até demais, parece que tudo conspirava para que eu me estressasse antes das nove da manhã. De qualquer forma, café já não é lá algo muito gostoso (eu não acho), mas é bom pra se manter acordado e eu estava com muito, mas muito sono mesmo. Bom, sendo eu, claro que eu consegui achar uma maneira de derramar todo o café do copo no chão e na minha calça, isso antes mesmo que eu tivesse oportunidade de tomar um gole depois, ai já era demais, mas como já dizia um universitário sábio "não adianta chorar pelo café derramado"
No final das contas, a manhã não estava nem na metade ainda, é claro que eu deveria saber que o dia não ia começar bem, sou eu aqui sendo honesta, mas vou parar de reclamar porque não adianta mesmo chorar pelo café derramado e, com uma manhã pela metade, ainda havia professores e gritos pra esperar, outros cafés para serem derramados e talvez até outros cobradores para dar sermão. O dia estava só começando e o sol ainda teria muito o que esquentar naquele dia claro, sem nuvens, o céu tão azul quanto poderia estar, um lindo dia mesmo, mas enquanto isso eu só conseguia pensar em voltar pra minha.
A segunda começou de manhãzinha, logo após uma noite mal dormida, um sol nada tímido nascendo e esquentando o dia na mesma velocidade. Seis da manhã e alguém desavisado poderia pensar que já passava do meio dia, tão impiedoso o sol estava e não, eu não estou exagerando. Até aí tudo bem, um sol quente pela manhã não é tão estressante e nem anormal e, embora incomodo, é meio que a história da minha vida, pois se "o sol é para todos", o sol mais quente é para os nordestinos.
Mas se o sol já não me incomodava tanto, o começo do mês completou o trabalho. Tá, sendo justa novamente não era bem o começo do mês que era culpado, mas sim o que vem junto com ele: dinheiro grande, que é como eu chamo dinheiro não trocado, mais importante, dinheiro que precisa de troco, muito troco quando o que você pretende fazer com ele é pagar a passagem do ônibus, incompetência minha não ter resolvido isso antes, mas o fato é que dinheiro grande não é legal e o cobrador do ônibus que eu peguei de manhã concorda comigo plenamente. Deve ter sido por isso que ele me deu o maior sermão (ou vai ver ele não gostou de mim mesmo, nenhuma alternativa me surpreenderia). Sabe o que me surpreende na verdade? Estranhos me encarando, cara eu não gosto mesmo disso. O pessoal do ônibus ficou me olhando, talvez eles estivessem do lado do cobrador e enquanto isso, o cobrador continuava seu inspirado sermão sobre troco máximo. Isso se me surpreende (e assusta também), continuou quase até eu chegar (finalmente!) no meu ponto na treze de maio e descer pela saída sem pagar, as mãos suadas e a voz antipática do cobrador ecoando na minha cabeça enquanto o ônibus se afastava.
Talvez isso não fosse o suficiente para ter uma manhã chata, talvez a economia de dinheiro (de uma passagem) compensasse a antipatia do cobrador e eu nem pensasse mais nisso, talvez eu pudesse sentar em algum banco da faculdade e continuar meu dia com toda serenidade possível. Claro, se esquecer o detalhe de que eu não esqueço desse tipo de coisa tão facilmente, mas se isso não fosse suficiente, o café foi chato até demais, parece que tudo conspirava para que eu me estressasse antes das nove da manhã. De qualquer forma, café já não é lá algo muito gostoso (eu não acho), mas é bom pra se manter acordado e eu estava com muito, mas muito sono mesmo. Bom, sendo eu, claro que eu consegui achar uma maneira de derramar todo o café do copo no chão e na minha calça, isso antes mesmo que eu tivesse oportunidade de tomar um gole depois, ai já era demais, mas como já dizia um universitário sábio "não adianta chorar pelo café derramado"
No final das contas, a manhã não estava nem na metade ainda, é claro que eu deveria saber que o dia não ia começar bem, sou eu aqui sendo honesta, mas vou parar de reclamar porque não adianta mesmo chorar pelo café derramado e, com uma manhã pela metade, ainda havia professores e gritos pra esperar, outros cafés para serem derramados e talvez até outros cobradores para dar sermão. O dia estava só começando e o sol ainda teria muito o que esquentar naquele dia claro, sem nuvens, o céu tão azul quanto poderia estar, um lindo dia mesmo, mas enquanto isso eu só conseguia pensar em voltar pra minha.
Declaração a um amor desconexo
Bom... como eu posso dizer isso, afinal de contas qual é o começo mesmo? Bom, o começo é alguns anos atrás provavelmente, mas eu não vou recontar toda a história e eu sinto muito, sinto muitíssimo por te perturbar de novo com isso (como eu disse, paciência)... Eu já te amei, de verdade, pra caramba, teve momentos que eu pensei que aquilo que eu senti nunca foi amor, mas na verdade foi sim... Acho que você sabe disso e eu espero que saiba porque eu já falei algumas vezes. Então, eu vou pular de 2009 pra cá porque nós dois sabemos o que aconteceu. Bom, exceto por uma parte que acho que nunca te contei, mas já que estou sendo honesta... quando você parou de falar comigo na época, eu pensei que a culpa era minha porque sempre que você vinha até onde eu estava, eu estava ainda conversando com alguém. Eu fazia aquilo pra aparentar menos interesse porque eu ficava chateada com as pessoas te zoando, então eu disfarçava, mas quando você parou de falar comigo, eu pensei que havia disfarçado tão bem que você também pensou que eu não tinha o menor interesse, quando na verdade eu tinha, então pensei que você tinha simplesmente desistido de mim ou algo assim, bem, isso me perseguiu por um bom tempo, mas passou quando as coisas se explicaram naturalmente. Voltando pra "hoje"... pra ser honesta, eu não tenho a menor ideia do que eu sinto por você agora, eu sei que não é só amizade, passa longe de ser só isso, embora você seja um amigo que eu gosto demais (e por favor não diga que isso é algo que vai passar) e às vezes eu fico tentando entender, o que sobra é que eu ainda sei que gosto de você, ao mesmo tempo em que eu te desejo felicidade eu queria poder colaborar pra isso, mas enfim eu já tive muito tempo pra me acostumar com a ideia de que não deu certo, as coisas estão realmente diferentes em mim hoje, eu tive uma boa cota de amadurecimento em um curto espaço de tempo e estar onde estou sem dúvida contribuiu pra isso, hoje me sinto mais mulher do que em qualquer outro momento que eu falei com você, você também contribuiu pra isso. Na boa, eu estou gostando disso, de crescer, de me entender melhor, de entender melhor o que eu sinto, de saber dizer adeus pra algumas coisas e trancar outras no fundo do meu coração, eu estou gostando de me conhecer mais e profundamente, saber desapegar, saber o momento de deixar ir e ficar com o que me for permitido. E como eu gosto disso tudo, eu preciso continuar crescendo, eu preciso e quero. Eu sei que eu te disse inúmeras vezes que iria esperar por você o quanto fosse preciso, mas eu acho que sabia desde o começo que não é exatamente assim que funciona. O que eu sinto por você não é algo que eu queira deixar ir, mas eu preciso realmente seguir em frente e se as lembranças forem tudo que me for permitido guardar, eu vou me segurar à elas apenas. No entanto, eu não queria que fosse assim. Eu entendo você da melhor forma que eu consigo e eu tento cada vez te conhecer e entender melhor conforme você me permite, mas essa coisa de permitir é muito limitada e eu procuro ir mais além de vez em quando, eu não vou mentir pra você, eu não vou dizer "eu te amo" porque eu não quero te iludir, é a última coisa que eu quero, mas eu também não quero me iludir e eu sei que dado a profundidade e a realidade do que estou sentindo, eu poderia facilmente voltar a te amar, mas eu não vou me permitir isso sem saber se eu não vou me machucar, não me entenda mal, você não me machuca, mas às vezes eu me machuco sozinha como quando a gente tropeça, não é culpa de ninguém, apenas minha. Enfim, acho que já te disse isso, eu ainda quero ser aquela pessoa que vai estar do seu lado (mesmo de longe) te ajudando a melhorar ou no que mais for preciso... Eu amo muitas coisas em você, mas se seguir em frente significa ter que deixá-las pra trás, é o que eu vou fazer. Eu não quero deixar de ser sua amiga em hipótese alguma, mas também não posso te exigir isso, é uma escolha sua, mas quero que saiba disso independente de como termine. Eu só preciso saber se no fundo do seu coração, com toda honestidade possível, eu ainda tenho alguma chance com você, se ainda existe alguma chance pra nós, porque se existe eu ficaria feliz em continuar lutando por algo que eu acredito, mas se não for o caso, já passou da hora de eu colocar um ponto final, por mais difícil que seja. Quanto mais o tempo passa, mais eu descubro que assim é a vida e que eu deveria ser grata por ter a oportunidade de ter uma resposta, coisa que muitas vezes não acontece. Então aqui estou eu, de mente e coração abertos, expondo o que eu penso e o que eu sinto. Essa sou eu, talvez me declarando, o que importa é quem eu quero ser por você,alguém que você possa sempre contar e chamar. Exatamente agora, eu gosto demais de você e eu não precisaria de muito pra voltar a te amar como aquela garota de 15 anos amou, nós duas não somos a mesma pessoa, mas mesmo com tudo que mudou, o coração é o mesmo. Mas que no final das contas, você saiba e preserve a certeza de que vai ser sempre poder contar comigo e me chamar, isso é imutável e eu vou ser sempre sua amiga, eu não poderia negar o bem que você me fez nem que eu quisesse, nem que você morra dizendo que me fez mal, só eu sei o quanto você me fez (e faz) bem. Uma hora a gente entende que, talvez como nos filmes, nem sempre as pessoas podem ficar juntas por mais que se amem e ambas saibam disso, a gente aprender e mesmo querendo sentar ou caminhar pra trás, a vida continua e a gente segue em frente. E o amor é isso. E é isso, amor.
domingo, 2 de junho de 2013
Ser
Se eu sou alguma coisa
e você também é
juntos seremos algo novo
tão novo quanto um nascer
e se separados hoje somos
exatamente o que somos aqui
ninguém nunca foi o que podemos ser
e o que somos hoje jamais voltará a existir
e você também é
juntos seremos algo novo
tão novo quanto um nascer
e se separados hoje somos
exatamente o que somos aqui
ninguém nunca foi o que podemos ser
e o que somos hoje jamais voltará a existir
segunda-feira, 27 de maio de 2013
Sofia
(Da série "Coisas que eu escrevo")
"Era um daqueles sonhos que eu não poderia esquecer, tão real enquanto durou que eu não podia simplesmente levantar e fingir que não lembrava e a simples ideia de deixar aquele sonho cair no esquecimento parecia uma afronta a cada simples (porém imenso) sentimento que ele provocou durante o tempo em que ele aconteceu como um filme na minha mente, um lindo filme em cor de rosa, pintado à mão, gostoso como risada de criança. E eu estava nele, eu sendo o menos importante naquele filme, mas eu estava nele e por isso mesmo lembro dos momentos mais importantes, embora sejam os menores, os momentos mais coloridos ficaram na minha memória como algo que eu realmente vivi, mas mesmo as cores e as imagens se apagando lentamente teimavam em lembrar-me novamente que era apenas um sonho...
Eu estava diferente, não sabia dizer realmente o que era até que eu olhei pra baixo e e vi aquele volume esticando minha blusa, por alguns segundos eu não entendi, mas como um clique o entendimento piscou diante dos meus olhos e eu percebi que era minha barriga, minha boca se abriu num "o" mudo enquanto eu percebia o que aquilo significava. Eu estava grávida? Eu estava grávida! Automaticamente, eu passei meus dedos suavemente pelo volume embaixo da minha blusa, na tentativa de confirma que era mesmo a minha barriga ali e, próximo ao umbigo, eu senti algo, meus dedos pareciam ter sido tocados pelo que estava ali dentro e eu reconheci um leve chute, meu bebê estava chutando. De repente, a consciência e a alegria daquele momento inundaram completamente minha alma, eu senti meu sorriso abrir de orelha a orelha (como dizem), mas acredito que era ainda maior que isso e, mesmo sem poder ver, eu tinha certeza que meus olhos brilhavam naquele momento mais que o sol escaldante das duas da tarde de um impiedoso dia de verão. Meus dedos continuavam acariciando minha barriga, ainda lembrando do tímido chute e cada vez mais eu queria poder atravessar minha própria pele e sentir a pele macia do bebê que estava ali dentro, agora eu estava totalmente consciente do presente e ansiava pelo futuro, pela chegada iminente do meu pequeno chutador.
Depois disso, o sonho passou quase como um borrão, em um segundo eu estava na mesa, uma espécie de líquido gelado era esfregado na minha barriga, lembro de ter tido medo que meu bebê ficasse com frio, mas aos poucos ia relaxando com a deliciosa sensação do líquido sendo espalhado de lá pra cá, indo e voltando, da mesma forma que antes eu acariciava minha própria barriga. Então, quando eu sentia a inconfundível sensação do sono chegando, eu ouvi... era um som abafado, um instrumento musical? Não era, mas naquele momento, foi melhor do que ouvir qualquer piano, foi mais gratificante que uma música escrita pra mim mesma e eu derramei mais lágrimas de alegria do que julgava ser capaz ao ouvir o coração do meu filho batendo, embaixo da minha barriga e do líquido gelado, a melhor música, o melhor som que eu já escutara e eu não lembro de outra vez ter me sentido tão feliz.
Mais uma vez o borrão, como um filme no qual apertamos o botão de "avançar". Naquele meu filme cor de rosa, o botão foi apertado novamente e na próxima cena que eu lembro, eu estava novamente em cima de uma mesa e chorava de novo, só que era diferente, eu chorava com dor, estava com uma roupa diferente e pessoas que eu não conhecia passavam ao meu lado, outras empurravam a mesa em que eu estava,eu ouvia as palavras "bolsa", "estourou" e me surpreendi quando eu mesma sussurrei "cesárea", a voz saindo entredentes em meio a dor que eu sentia, toda a situação um tanto caótica e mesmo naquele momento, eu lembrava da minha barriga e do meu bebê que estava dentro dela, mais uma vez a consciência tomou conta de mim, eu deixei de lado toda a dor, todas as pessoas, a mesa, as agulhas, o frio, o caos e só pensava no bebê e em como eu queria que alguém me respondesse como ele estava, mas a única coisa que eu sabia era que eu precisava da dor para ver o meu filho, a dor fazia parte de tudo, tive um rápido flash das antigas aulas de biologia e de alguma forma eu já sabia que tudo estava bem, tudo correria bem, eu deixei o medo que estava sentindo de lado e comecei a contar o segundos para finalmente encontrar com o meu pequeno chutador, cujo coração batendo era como música, e eu finalmente poderia sentir a sua pele macia sob meus dedos.
Eu não lembro de muito depois disso, afinal, os hospitais são todos iguais, as salas de parto são todas iguais, mas o peculiar, o que era único para mim passou pelos meus olhos em câmera lenta, ficando guardado na minha mente no lugar mais especial que um sonho pode ficar. Pela terceira vez, eu estava numa cama, eu mesma vestida com uma camisola cor de rosa, do meu lado minha mãe passava a mãe pelo meu cabelo curto, ainda úmido pelo suor. Eu estava sentada, estava cansada, exausta na verdade, mas eu sorria. Eu sorria porque tinha algo em meus braços, que ainda tremiam muito levemente pelo cansaço e pela emoção. Aos poucos eu deixava de me concentrar no que acontecia à minha volta e só tinha olhos para o que eu tinha em meus braços, mas ainda pude ouvir a voz distante de alguém dizendo "parece que estávamos errados sobre ser um menino". Eu parei de registrar as vozes depois disso, toda minha atenção e meu ser voltados para os meus braços e a coisa mais linda e especial que eu já tinha visto em toda minha vida até aquele momento. Lentamente, eu deslizei uma das mãos para o coração do meu bebê e ri ao sentir as batidas suaves da minha música preferida, depois passei a mão pelos cabelos finos e pelo rosto macio e rosado, enquanto não conseguia desgrudar os olhos do olhar cor de avelã que me encarava curiosamente, eu ria e ria de novo sem conseguir controlar a alegria que sentia. Então pus os meu indicador na pequena mãozinha que escapava da manta cor de rosa e os dedinhos se fecharam ao redor do meu, um toque, uma forcinha leve e eu não lembro de ter sentido amor maior que o que eu sentia ali naquele quarto de hospital, era impossível, era um amor que me inundava, era agora uma parte de mim e me acompanharia até que eu desse meu último suspiro, "maior", "grande" e "imenso" não eram suficientes para descreve-los, meu amor foi mais uma vez traduzido em lágrimas e eu sorri com a consciência de que nunca poderia explicá-lo fielmente em palavras, mas eu o sentia com todas as forças e isso era suficiente. Ali, naquela manta cor de rosa, os olhinhos de minha filha começavam a fechar, ela começava a dormir embalada pelo som do meu riso enquanto seus dedos ainda estavam fechados nos meus. O volume sob a minha blusa, amor, alegria e um coraçãozinho que batia ao som de uma melodia, minha pequena chutadora e o nome dela era:
_ Sofia..."
"Era um daqueles sonhos que eu não poderia esquecer, tão real enquanto durou que eu não podia simplesmente levantar e fingir que não lembrava e a simples ideia de deixar aquele sonho cair no esquecimento parecia uma afronta a cada simples (porém imenso) sentimento que ele provocou durante o tempo em que ele aconteceu como um filme na minha mente, um lindo filme em cor de rosa, pintado à mão, gostoso como risada de criança. E eu estava nele, eu sendo o menos importante naquele filme, mas eu estava nele e por isso mesmo lembro dos momentos mais importantes, embora sejam os menores, os momentos mais coloridos ficaram na minha memória como algo que eu realmente vivi, mas mesmo as cores e as imagens se apagando lentamente teimavam em lembrar-me novamente que era apenas um sonho...
Eu estava diferente, não sabia dizer realmente o que era até que eu olhei pra baixo e e vi aquele volume esticando minha blusa, por alguns segundos eu não entendi, mas como um clique o entendimento piscou diante dos meus olhos e eu percebi que era minha barriga, minha boca se abriu num "o" mudo enquanto eu percebia o que aquilo significava. Eu estava grávida? Eu estava grávida! Automaticamente, eu passei meus dedos suavemente pelo volume embaixo da minha blusa, na tentativa de confirma que era mesmo a minha barriga ali e, próximo ao umbigo, eu senti algo, meus dedos pareciam ter sido tocados pelo que estava ali dentro e eu reconheci um leve chute, meu bebê estava chutando. De repente, a consciência e a alegria daquele momento inundaram completamente minha alma, eu senti meu sorriso abrir de orelha a orelha (como dizem), mas acredito que era ainda maior que isso e, mesmo sem poder ver, eu tinha certeza que meus olhos brilhavam naquele momento mais que o sol escaldante das duas da tarde de um impiedoso dia de verão. Meus dedos continuavam acariciando minha barriga, ainda lembrando do tímido chute e cada vez mais eu queria poder atravessar minha própria pele e sentir a pele macia do bebê que estava ali dentro, agora eu estava totalmente consciente do presente e ansiava pelo futuro, pela chegada iminente do meu pequeno chutador.
Depois disso, o sonho passou quase como um borrão, em um segundo eu estava na mesa, uma espécie de líquido gelado era esfregado na minha barriga, lembro de ter tido medo que meu bebê ficasse com frio, mas aos poucos ia relaxando com a deliciosa sensação do líquido sendo espalhado de lá pra cá, indo e voltando, da mesma forma que antes eu acariciava minha própria barriga. Então, quando eu sentia a inconfundível sensação do sono chegando, eu ouvi... era um som abafado, um instrumento musical? Não era, mas naquele momento, foi melhor do que ouvir qualquer piano, foi mais gratificante que uma música escrita pra mim mesma e eu derramei mais lágrimas de alegria do que julgava ser capaz ao ouvir o coração do meu filho batendo, embaixo da minha barriga e do líquido gelado, a melhor música, o melhor som que eu já escutara e eu não lembro de outra vez ter me sentido tão feliz.
Mais uma vez o borrão, como um filme no qual apertamos o botão de "avançar". Naquele meu filme cor de rosa, o botão foi apertado novamente e na próxima cena que eu lembro, eu estava novamente em cima de uma mesa e chorava de novo, só que era diferente, eu chorava com dor, estava com uma roupa diferente e pessoas que eu não conhecia passavam ao meu lado, outras empurravam a mesa em que eu estava,eu ouvia as palavras "bolsa", "estourou" e me surpreendi quando eu mesma sussurrei "cesárea", a voz saindo entredentes em meio a dor que eu sentia, toda a situação um tanto caótica e mesmo naquele momento, eu lembrava da minha barriga e do meu bebê que estava dentro dela, mais uma vez a consciência tomou conta de mim, eu deixei de lado toda a dor, todas as pessoas, a mesa, as agulhas, o frio, o caos e só pensava no bebê e em como eu queria que alguém me respondesse como ele estava, mas a única coisa que eu sabia era que eu precisava da dor para ver o meu filho, a dor fazia parte de tudo, tive um rápido flash das antigas aulas de biologia e de alguma forma eu já sabia que tudo estava bem, tudo correria bem, eu deixei o medo que estava sentindo de lado e comecei a contar o segundos para finalmente encontrar com o meu pequeno chutador, cujo coração batendo era como música, e eu finalmente poderia sentir a sua pele macia sob meus dedos.
Eu não lembro de muito depois disso, afinal, os hospitais são todos iguais, as salas de parto são todas iguais, mas o peculiar, o que era único para mim passou pelos meus olhos em câmera lenta, ficando guardado na minha mente no lugar mais especial que um sonho pode ficar. Pela terceira vez, eu estava numa cama, eu mesma vestida com uma camisola cor de rosa, do meu lado minha mãe passava a mãe pelo meu cabelo curto, ainda úmido pelo suor. Eu estava sentada, estava cansada, exausta na verdade, mas eu sorria. Eu sorria porque tinha algo em meus braços, que ainda tremiam muito levemente pelo cansaço e pela emoção. Aos poucos eu deixava de me concentrar no que acontecia à minha volta e só tinha olhos para o que eu tinha em meus braços, mas ainda pude ouvir a voz distante de alguém dizendo "parece que estávamos errados sobre ser um menino". Eu parei de registrar as vozes depois disso, toda minha atenção e meu ser voltados para os meus braços e a coisa mais linda e especial que eu já tinha visto em toda minha vida até aquele momento. Lentamente, eu deslizei uma das mãos para o coração do meu bebê e ri ao sentir as batidas suaves da minha música preferida, depois passei a mão pelos cabelos finos e pelo rosto macio e rosado, enquanto não conseguia desgrudar os olhos do olhar cor de avelã que me encarava curiosamente, eu ria e ria de novo sem conseguir controlar a alegria que sentia. Então pus os meu indicador na pequena mãozinha que escapava da manta cor de rosa e os dedinhos se fecharam ao redor do meu, um toque, uma forcinha leve e eu não lembro de ter sentido amor maior que o que eu sentia ali naquele quarto de hospital, era impossível, era um amor que me inundava, era agora uma parte de mim e me acompanharia até que eu desse meu último suspiro, "maior", "grande" e "imenso" não eram suficientes para descreve-los, meu amor foi mais uma vez traduzido em lágrimas e eu sorri com a consciência de que nunca poderia explicá-lo fielmente em palavras, mas eu o sentia com todas as forças e isso era suficiente. Ali, naquela manta cor de rosa, os olhinhos de minha filha começavam a fechar, ela começava a dormir embalada pelo som do meu riso enquanto seus dedos ainda estavam fechados nos meus. O volume sob a minha blusa, amor, alegria e um coraçãozinho que batia ao som de uma melodia, minha pequena chutadora e o nome dela era:
_ Sofia..."
domingo, 26 de maio de 2013
Um ônibus atrasado na avenida da universidade
Quando um dia começa ou termina? Ele começa à meia-noite ou quando acordamos? Ele termina quando voltamos pra casa ou quando o relógio está prestes a marcar meia noite?
Num ponto de ônibus na avenida da universidade, algumas pessoas esperam o ônibus, o dia está começando ali para a maioria delas, algumas estão indo trabalhar, outras estão indo estudar, algumas poucas estão voltando para casa depois de uma noite de trabalho, para elas aquele momento é o fim do dia anterior.
Naquele ponto de ônibus, uma mulher de calça jeans e blusa roxa segura a mão de uma garotinha de uns 10 anos, talvez sua filha, a mulher olha para o relógio de pulso e logo em seguida para a esquina da avenida. Onde está o ônibus que já deveria ter passado por ali? O dia precisa começar, a vida tem que seguir seu curso, mas o ônibus atrasado é como uma rocha que atrasa todo o percurso de um rio e impede que siga livremente por onde deveria, mas a mulher de blusa roxa e calça jeans não pode contornar aquele problema, ela precisa da pedra, precisa do ônibus.
O ônibus finalmente chega e a mulher puxa a garotinha para dentro dele em meio ao pequeno aglomerado de pessoas que também esperavam por aquele mesmo ônibus. A mulher senta próximo à janela com a menina no colo, sempre segurando sua mão, o dia está começando. Ao lado dela, um senhor de paletó e cabelos brancos contempla o nada com o olhar perdido, talvez pensando na vida, no seu início, no seu fim. Quem dera a vida fosse com um dia e pudéssemos saber quando ela vai terminar, porque naquele dia 13 de maio, a mulher de blusa roxa sentou ao lado de alguém que estava começando o último dia de vida e ela não se despediu e aquela vida tornou-se só mais uma no meio de tantas outras histórias de pessoas que começam seus dias pegando um ônibus atrasado.
(13/05/2013)
Num ponto de ônibus na avenida da universidade, algumas pessoas esperam o ônibus, o dia está começando ali para a maioria delas, algumas estão indo trabalhar, outras estão indo estudar, algumas poucas estão voltando para casa depois de uma noite de trabalho, para elas aquele momento é o fim do dia anterior.
Naquele ponto de ônibus, uma mulher de calça jeans e blusa roxa segura a mão de uma garotinha de uns 10 anos, talvez sua filha, a mulher olha para o relógio de pulso e logo em seguida para a esquina da avenida. Onde está o ônibus que já deveria ter passado por ali? O dia precisa começar, a vida tem que seguir seu curso, mas o ônibus atrasado é como uma rocha que atrasa todo o percurso de um rio e impede que siga livremente por onde deveria, mas a mulher de blusa roxa e calça jeans não pode contornar aquele problema, ela precisa da pedra, precisa do ônibus.
O ônibus finalmente chega e a mulher puxa a garotinha para dentro dele em meio ao pequeno aglomerado de pessoas que também esperavam por aquele mesmo ônibus. A mulher senta próximo à janela com a menina no colo, sempre segurando sua mão, o dia está começando. Ao lado dela, um senhor de paletó e cabelos brancos contempla o nada com o olhar perdido, talvez pensando na vida, no seu início, no seu fim. Quem dera a vida fosse com um dia e pudéssemos saber quando ela vai terminar, porque naquele dia 13 de maio, a mulher de blusa roxa sentou ao lado de alguém que estava começando o último dia de vida e ela não se despediu e aquela vida tornou-se só mais uma no meio de tantas outras histórias de pessoas que começam seus dias pegando um ônibus atrasado.
(13/05/2013)
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Arco Íris
as cores não me mostram o que eu quero ver
o céu é preto e branco o tempo inteiro
eu sinto que onde estou nunca vou crescer
e vivo na plateia enquanto quero o picadeiro
meus pés estão no chão
mas minha mente está em qualquer outro lugar
então levanto minhas mãos
e mesmo que por um segundo, sinto que posso voar
se eu pudesse voar ou tocar o vento
onde eu gostaria de estar
um lugar onde sei da força que tenho
e utopia não é só sonhar
eu não sei quanto tempo vou ter que esperar
pra alcançar o que é pra mim
um arco íris de cores que eu posso enxergar
e meus sonhos no fim.
Rosana
um minuto a mais, uma garrafa a mais
olhos abertos, mais um sonho se desfaz
num quarto escuro, um suspiro a mais
mergulhado no silêncio de uma noite que se vai
mesmo o sol já não traz paz
é só um dia começando a acabar
é na noite em que tem tudo a perder
mas só na noite, é possível ganhar
uma moeda a mais, mais um golpe vem
machucando sua alma, ela pode perceber
já não lembra se um dia foi alguém
mas sabe que agora é só metade de um ser
um toque a mais, o corpo estremecer
é só o que tem e o que pode oferecer
um olhar a mais, um cliente mais
e a cada noite, ela volta a morrer
sábado, 9 de março de 2013
Poeta
Eu não sou poeta
sou mais um ser deprimido
saí de casa escondido
pra caminhar na linha do trem
tem dias que eu não vejo
mais sentido em tudo isso
mas vou até onde eu consigo
da liberdade eu sou refém
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Você não
Eu já chorei e você me consolou
chamei e você veio correndo
enchi sua paciência e você não se afastou
fui pra bem longe e ainda continuei te vendo
você não é tudo que preciso, mas é mais do que mereço
pra te ter por perto, eu sei que pagaria o preço
chame de amizade ou do que quiser
o que importa não são rótulos, mas o que se sente
o que temos pra lembrar no fim do dia
sonhar de madrugada ou só pensar um pouco
sempre despertando sorrisos que eu nem sabia que tinha
você não é tudo que preciso, mas é mais do que mereço
um abraço apertado de saudade
é o mais querido em meu coração
na penumbra, é dita toda e qualquer verdade
e então me perco pra te ter em minhas mãos
mas você não é tudo que preciso.
chamei e você veio correndo
enchi sua paciência e você não se afastou
fui pra bem longe e ainda continuei te vendo
você não é tudo que preciso, mas é mais do que mereço
pra te ter por perto, eu sei que pagaria o preço
chame de amizade ou do que quiser
o que importa não são rótulos, mas o que se sente
o que temos pra lembrar no fim do dia
sonhar de madrugada ou só pensar um pouco
sempre despertando sorrisos que eu nem sabia que tinha
você não é tudo que preciso, mas é mais do que mereço
um abraço apertado de saudade
é o mais querido em meu coração
na penumbra, é dita toda e qualquer verdade
e então me perco pra te ter em minhas mãos
mas você não é tudo que preciso.
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