sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Coisas que eu escrevo #2

Quando eu tinha oito anos de idade, fui ao primeiro funeral que eu lembro. Minha mãe perdeu uma batalha contra o câncer que já se arrastava por quase dois anos.
Eu não lembro muitas coisas daquele dia. Lembro de não ter olhado dentro do caixão, atendendo ao último pedido da minha mãe. Eu estava com raiva do meu pai porque não me deixou usar o vestido rosa que eu havia ganhado no último aniversário, em algum momento eu apenas deixei de tentar entender e apenas aceitei que teria de usar preto.
Todo o resto continua na minha mente, mas apenas como um borrão, as pessoas, os barulhos, a chuvinha fina que começou perto do final, como lágrimas que caíam do céu para se misturar às lágrimas dos que estavam presentes.
Mas entre tudo, o que eu mais me recordo é do Rafa segurando minha mão, meu melhor amigo de sempre que estava lá do meu lado, mais tarde eu descobriria que a mãe dele insistira para que ele não fosse. Só que ele foi e ficou ao meu lado sem dizer uma palavra, sem invadir meu espaço, mas se eu precisasse eu podia apertar a mãe dele. E horas depois, quando tudo havia terminado e eu finalmente consegui chorar, ele ainda estava por perto pra me abraçar, em silêncio, apenas me bastava saber o quanto ele estava lá por mim.

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