sexta-feira, 2 de maio de 2014

Vida de universitário #3

Não tenho a pretensão de acreditar que tudo que eu tenho escrito aqui acontece com todo mundo, são coisas que acontece comigo, acontecem com amigos e eles me contam, coisas que acontecem com eles também acabam acontecendo comigo e vice-versa, faz eu acreditar que as vidas, apesar de suas peculiaridades, não são realmente tão diferentes assim, existem problemas parecidos, alegrias semelhantes e, nesse caso, algo em comum, inegável e de muita importância: a faculdade.
Uma dessas coisas que eu acho que acontece com todo mundo é aquele cansaço que bate na sexta-feira, depois da última aula, da última lista de frequência, do último texto, do último "bom fim de semana". Bate aquele sono que você perdeu durante a semana inteira, as 4 horas que você dorme por noite (porque dorme 1 da manhã e tem que acordar às 5 pra ir pra bolsa) finalmente cobram o que você está devendo. Sem desmerecer os estudantes do ensino médio, mas acho que é na faculdade que você conhece de verdade o significado de estar cansado. São textos, trabalhos, livros, diversas leituras, exercícios, viagens de um lado a outro da cidade, bolsas, compromissos, extensão, palestras, cursos, língua estrangeira... tudo isso e mais um pouco, você se divide entre todas as atividades que a faculdade proporciona ao mesmo tempo em que tenta ter uma vida social meramente aceitável, é assim que se aprende o quanto é possível se dividir entre pessoas e atividades. Voldemort e suas 7 horcruxes ficam no chinelo, você descobre que pode se dividir muito mais que isso entre curso, namorado, família e amigos.
 É daí que vem o cansaço, sem pena nenhuma, cobrar no fim do último dia de aula da semana todo o seu desleixo dos outros dias, a despreocupação com o quanto estava dormindo ou com o número de atividades pelas quais está se responsabilizando. Ah, o cansaço sabe disso e ele sobre. Mas quer saber um segredo? É delicioso. Sim, o cansaço, ele dói, te deixa triste, deprimido, dormindo pelos cantos, sem energia e vontade de fazer muita coisa, faz chorar (espera até seu primeiro fim de semestre pra ver), mas mesmo assim é uma ótima sensação no final das contas. No fim de algum dia, você vai lembrar porque escolheu aquele curso, vai lembrar o que você está fazendo ali, aonde você quer chegar, vai sentir de novo o sabor do primeiro amor por uma profissão, porque ele sempre volta, então o cansaço, por mais que ele cobre, vai ser um sinal, uma mensagem de que você está fazendo alguma coisa certa. Vai ser um sinal de dedicação, vai bater aquela sensação de "eu estou realmente correndo atrás do que eu quero", eu estou fazendo o que eu gosto porque eu quero e isso é demais. Mesmo. Em meio a muitas outras coisas, o cansaço lembra que você está no caminho certo e vai por mim, é uma sensação gratificante, nada paga isso. Daí é tomar um banho e partir para os próximos três ou quatro anos da sua vida, com muito cansaço, mas também com muitas gratificações.
No final, cada um tem sua maneira de recebê-lo, fingindo que ele nem está ali ou abraçando-o. Ignorando o menino cansaço ou caminhando para casa de mãos dadas com ele. Partindo para uma festa ou sonhando com um banho no ônibus a caminho de casa. Bem, seja na mesa do barzinho da rua atrás da faculdade, ou de pijamas no quarto, abraçado com os amigos ou com o sapo de pelúcia, não importa o cansaço que bate no final da semana (ou de cada dia dela), o que importa mesmo é que se você sabe que está no caminho certo, então você sabe que na segunda vai estar pronto pra outra. Com sono, mas vai.